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Eu como leitora

Ainda não sei porque decidi começar isto. Acho que vai ser mais um diário de leituras.

Eu como leitora

Ainda não sei porque decidi começar isto. Acho que vai ser mais um diário de leituras.

Desconhecidos num Casamento

Leitora, 15.07.25

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Ontem acabei o Desconhecidos num Casamento de Alison Espach, que foi um dos livros do mês do club de leitura Livra-te. Foi mais daqueles que só ouvia falar bem pela internet fora.

É um romance sobre recomeços improváveis, solidão partilhada e o poder transformador dos encontros fortuitos.

Conta a história de Phoebe Stone, divorciada e emocionalmente desgastada, que chega a um resort à beira-mar com o objetivo de se suicidar. No entanto, sem querer, dá por si no meio de um casamento luxuoso — e não está na lista de convidados.

A noiva, Lila, fica inicialmente desconfiada da presença desta estranha que parece ter invadido o seu grande dia. Mas, à medida que o fim de semana avança, algo inesperado acontece: as duas mulheres, embora muito diferentes, criam uma ligação forte. Unem-se por aquilo que lhes falta, pelo que perderam, e pelas dúvidas silenciosas que ambas escondem sob a superfície de vidas aparentemente controladas.

Ao longo do livro, acompanhamos conversas honestas, situações cómicas, momentos de dor emocional e introspeções profundas. O casamento, com toda a sua pompa e simbolismo, torna-se o pano de fundo para uma história de cura, empatia e renascimento pessoal.

Diverti-me, apesar de estar à procura de uma mensagem por trás de cada parte da história e não encontrar grande coisa. Tem alguns momentos um pouco ridículos, mas gostei do final em aberto. Foi uma montanha-russa de emoções — gostei muito do início, especialmente da abordagem ao suicídio e da explicação do que levou Phoebe àquele momento. Os temas da infertilidade e as consequências que isso pode ter numa relação também foram bem explorados. No entanto, senti que o tema do suicídio foi ultrapassado de forma demasiado leve, ao ponto de a personagem que estava emocionalmente em baixo passar a ser a psicóloga e solucionadora dos problemas de toda a gente.

Depois, foram acontecendo algumas cenas um bocado parvas e “minhoquices” em relação ao casamento perfeito. Eu sei que é uma crítica ao ideal de perfeição no casamento e à valorização excessiva da aparência em detrimento da relação em si — ou seja, dá-se mais importância ao que se mostra aos outros do que ao que realmente se vive. Mas, para mim, isso foi levado um pouco ao extremo.

Ideal para quem aprecia romances contemporâneos com fortes encadeamentos emocionais, dilemas da saúde mental e o poder dos encontros inesperados. Um livro que diverte, faz pensar… e emociona.

A Leitora

Romance de Verão Problemático

Leitora, 08.07.25

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Estava a precisar de um livro leve, rápido e com tema de verão e este acabou de sair e pelo que tinha ouvido falar parecia-me perfeito.

É o terceiro livro que leio da Ali e é uma leitura super fácil e rápida, e por vezes sabe mesmo bem.

A história acompanha Maya Killgore, uma jovem de 23 anos, e Conor Harkness, de 38, que se reencontram inesperadamente durante o casamento do irmão de Maya, em Taormina (Sicília). A maior parte do romance desenrola-se numa villa na costa jónica, entre ruínas antigas, gastronomia local e grutas naturais. A premissa gira em torno de um amor de verão gerido por um potencial “flirt”... mas com consequências que podem tornar-se perigosamente intensas.

Não é um livro perfeito acho até que tem uma repetição do tema da diferença etária e desequilíbrio de poder, ou seja “bate” demasiado na tecla do gap etário, mais do que realmente desenvolve a relação.

O livro alterna entre momentos intensamente românticos e outros de introspeção emocional, entre o passado e o presente (o momento do casamento), com diálogos muitas vezes sarcásticos e carregados de tensão. Os capítulos são curtos e fluidos, típicos do estilo da autora.

“Romance de Verão Problemático” é um romance que cumpre o que promete: uma história envolvente, sexy e dramática passada num cenário idílico. 

Se gostas de romances com tensão emocional, cenários bonitos e personagens com falhas reais, vais gostar.

A Leitora

Gladiadora

Leitora, 04.07.25

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Há uns dias terminei Gladiadora, da Catarina Silva. Estava muito entusiasmada, primeiro por ser uma autora portuguesa, depois por causa do blurb:

“Perfeito para fãs de Trono de Vidro e Os Jogos da Fome, Gladiadora é um épico de fantasia arrebatador, repleto de ação, intriga e personagens inesquecíveis.”

Gosto muito destas duas séries, então comprei logo o livro em pré-venda e tudo.

A narrativa acompanha Genevieve Silvester, condenada aos combates na arena por um crime indescritível. Renomada como a gladiadora mais temida do império, ela é enviada a Whitecliff, uma fortaleza isolada onde “matar ou morrer” é a lei. Lá, Genevieve tem de lutar não só pela própria vida, mas também contra os segredos do seu passado, enfrentando inimigos tanto externos como internos.

Tenho visto no Goodreads e no Instagram apenas boas críticas, e odeio ser do contra, mas este livro não foi para mim. Não senti qualquer ligação com nenhuma das personagens, nem me foi mostrada qualquer química entre o suposto casal principal. Muito provavelmente o problema aqui sou eu.

Este livro é muito de “dizer o que aconteceu” em vez de “mostrar o que está a acontecer”. Eu, numa fantasia, preciso que me mostrem — caso contrário, na minha opinião, soa apenas a preguiçoso. Talvez por isso o livro tenha tão poucas páginas... É raro termos um livro de fantasia curto, porque o mundo onde a narrativa se insere precisa de ser bem explicado. Neste caso, fiquei sem entender praticamente nada e sem vontade de continuar, caso venha a ser uma série.

Achei que muita coisa não foi explicada — como as regras de Whitecliff — ou então foram mencionadas muito de passagem. Durante o livro, é referido o “código da fortaleza”, mas nunca é realmente explicado, apenas atirado para nós de forma um pouco aleatória.

Queria mesmo gostar deste livro. Vejo potencial, mas ficou muito aquém.

Ainda assim, se gostas de personagens femininas resilientes, mundos repletos de intriga e do lema “matar ou morrer”, este pode ser o livro ideal para ti, especialmente em língua portuguesa. A escrita é direta e as reviravoltas tornam Gladiadora uma adição interessante para quem aprecia fantasia nacional.

A Leitora 

Heartless

Leitora, 23.06.25

204996043.jpgAcho que terminei a minha fase de cowboys… por agora 😅🫣. Não foi uma má leitura, mas se calhar estava à espera de mais. Single dad e interesse amoroso mais velho são temas que me dizem muito, por isso precisava de algo mais profundo — e foi só tanto instalust… parecia que era só sexo, e o enredo acabou por ser bastante básico.

Neste segundo livro da série Chestnut Springs temos Cade Eaton que é um cowboy e pai solteiro, conhecido pelo seu temperamento reservado e sério. Quando precisa de uma babysitter de emergência para cuidar do filho durante o verão, Willa Grant entra em cena — uma jovem enérgica, extrovertida e descomplicada, que não tem medo de desafiar Cade. 

À medida que os dias passam no rancho, a atração entre os dois cresce. Cade tenta resistir — afinal, ela trabalha para ele e está ali para cuidar do filho. O livro desenvolve-se num ambiente de cidade pequena, com muito charme rural.

A história mistura química intensa, tensão emocional e momentos familiares ternos. Gostei especialmente da relação do senhor Eaton senior com os filhos, temos também um banter espirituoso e cenas sensuais "spicy". 

Confesso que ia com com a expectativa de gostar mais — no início estava  interessada, mas a meio tornou-se aborrecido e até passei à frente as cenas mais “quentes”: demasiado dirty talk 🫣, acabou por soar um bocado cringe. A questão da diferença de idades que me interessava, tornou-se algo repetitivo e tratado de uma forma preguiçosa.

Heartless é um romance leve e apaixonante para quem lê por puro prazer. Tem humor e cenas intensas, com uma relação que aquece tanto o coração como o corpo. Se preferes histórias com mais profundidade ou escrita mais elaborada, talvez não seja a melhor escolha.

Se gostas de: romances leves e sexy, com tensão divertida entre protagonistas e um cenário de cowboys em pequenas cidades…Então este livro é para ti. Heartless não pretende ser alta literatura — é puro entretenimento romântico, com química, charme e um toque picante.

A leitora

Flawless

Leitora, 18.06.25

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Pois é, li o meu primeiro livro de cowboys 🤠 e resolvi começar pela série Chestnut Springs, da Elsie Silver. Toda a gente andava louca com esta série, e eu precisava de algo leve para distrair — o cérebro anda feito em papa com o trabalho.

Ainda tentei ler Deep Cuts – Uma Música Só Nossa, da Holly Brickley, que é um dos livros do mês do Clube Livra-te e que eu achava que ia gostar, mas cheguei à primeira meta de leitura e não me está a prender muito. Odeio uma das personagens principais. Não apanho quase nenhuma das referências musicais... Achava que gostava de música dos anos 2000, mas se calhar não. A verdade é que ouvia mais indie rock e pop, e parece-me que uma das personagens é demasiado “alternativa” para esses géneros. Chateia-me um bocado o “snobismo” dela. Estou na dúvida se lhe dou DNF ou se faço apenas uma pausa.

Então decidi dar uma oportunidade aos cowboys.

Este livro acompanha o famoso (e problemático) Rhett Eaton, profissional de rodeios, obrigado a conviver com Summer Hamilton, filha do seu agente, num esquema de “supervisão total” que se transforma num romance intenso. O casal tem uma química que atrai. A dinâmica “estás aqui para me controlar, mas acabas por me entender” é apelativa — mas o desenvolvimento da relação às vezes parece um pouco forçado ou apressado.

É um romance leve e sexy, com uma tensão divertida entre os protagonistas e cenários de cowboys e pequenas cidades no Canadá.

Funciona muito bem. É o típico livro feel good, com muitos dos tropes que fazem sucesso:
“Enemies to lovers”,
“Cowboy com mau feitio”,
Tensão sexual latente,
E claro… o clássico “só há uma cama”!

Percebo a loucura com estes livros e fiquei muito curiosa com a história do segundo da saga — trope de pai solteiro e diferença de idades (diferença aceitável 😂 que eu acho muito creepy quando é tipo um com 20 anos e o outro com 50 — são fases da vida tão distintas).
Por isso, já saltei para o segundo 🤭.

Em resumo, se gostas de:
✔️ Romance leve e sexy
✔️ Tensão divertida entre protagonistas
✔️ Cenários com cowboys e pequenas cidades...
Então vale a pena experimentar. Não é um livro para ganhar prémios literários, mas sim para entreter — e nisso, cumpre muito bem o seu papel.

A leitora

Atmosfera: Uma História de Amor

Leitora, 10.06.25

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Acabei hoje o último livro da Taylor Jenkins Reid. Dos livros publicados dela em português, já só me faltam Malibu Renasce, Deixo-te para Não te Perder e Tu, Eu e Todo o Mundo. Destes, acho que o único que me interessa ler é o Malibu, que espero ler no próximo mês.

A Taylor tem a capacidade de me prender à sua escrita, mesmo com temas que, à partida, não me dizem nada — anteriormente com o ténis, em Carrie Soto Está de Volta, e agora com este Atmosfera. Nunca tive grande interesse em temas como ciência e espaço, especialmente este último, que nem em filmes costuma chamar-me a atenção.

Mas este livro prendeu-me desde o início. Atmosfera conta a história de Joan Goodwin, uma astrofísica que entra no exigente programa espacial da NASA nos anos 80. Num mundo dominado por homens, ela luta pelo seu lugar entre as estrelas — enquanto vive, em segredo, um amor proibido com uma colega engenheira. Quando uma missão corre mal, Joan terá de escolher entre o dever e o coração.

Este livro é, para mim, uma das obras mais maduras e emocionalmente ricas da autora. Taylor Jenkins Reid já é conhecida por criar personagens femininas complexas e ambiciosas (Evelyn Hugo, Daisy Jones), mas aqui leva isso a outro nível, ao colocá-las num contexto historicamente masculino: o programa espacial dos anos 80. Joan Goodwin é uma personagem profundamente humana. A sua trajetória mistura aspiração, perda, paixão e conflito interno de forma crua, mas sem nunca cair no melodrama. Senti uma empatia genuína por ela — pelas suas inseguranças, pela coragem de entrar num mundo fechado e pelo amor proibido que vive.

O romance entre as personagens é subtil, mas poderoso. Não é o foco do livro, mas é o que lhe dá alma. É bonito ver como a autora trata essa relação com respeito e cuidado, num contexto onde ser mulher já era uma barreira — quanto mais ser uma mulher queer.

O ambiente da NASA é retratado com grande autenticidade. As partes técnicas estão bem integradas na narrativa, sem sobrecarregar, e a missão no espaço (sem spoilers!) cria uma tensão real, especialmente por estar intercalada com flashbacks.

Atmosfera não é apenas uma história de amor ou de superação. É uma homenagem às mulheres esquecidas da ciência e da exploração espacial, e um retrato delicado de como o amor (e o dever) nos pode elevar… ou prender à Terra.

Se gostas de narrativas emocionais com personagens fortes, pesquisa histórica rigorosa (especialmente em ciência e tecnologia) e romances que transcendem expectativas, Atmosfera é uma excelente escolha — tanto pela história envolvente como pela ambientação nos bastidores da NASA dos anos 80.

Acho que se tornou o meu livro preferido da autora, retirando Os Sete Maridos de Evelyn Hugo do pódio.

A Leitora

Filha da Louca

Leitora, 05.06.25

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Acabei ontem o ultimo lançamento da Maria Francisca Gama. Gostei do livro, mas não o amei nem o devorei como aconteceu com A Cicatriz. Ainda assim, a Maria soube transmitir muito bem a dualidade de sentimentos da Matilde, e admiro muito a coragem desta personagem no desfecho do livro.

A Maria traz-nos uma escrita mais madura, através de uma história familiar que aborda o crescimento com uma figura materna com problemas de saúde mental. Não vou entrar em detalhes, porque acho que isso pode estragar a experiência de leitura.

A protagonista, Matilde, perdeu a mãe, Clara, aos dezoito anos e, sete anos depois, também o pai, António. Sozinha na casa da família, Matilde confronta-se com o silêncio e o vazio deixados pelas perdas. Dois dias após a morte do pai, descobre algo que altera profundamente a sua perceção da infância e da relação com a mãe, considerada “louca” pelos outros.

É difícil falar sobre o livro sem dar spoilers, até porque há uma cena, logo no início, que é do tipo: What the fuck? 😂

Este livro é desconcertante e, num sentido mais pessoal, achei a Matilde muito passiva e submissa — não sou grande fã de personagens assim. Estava sempre à espera de um ato de revolta, de algum confronto que acabou por nunca acontecer. Talvez por isso este livro não me tenha tocado tanto como o anterior.

Houve, no entanto, uma frase que me marcou profundamente: “Como se vive depois de se dizer: ‘Sim, fui mais feliz desde que a minha mãe morreu’?”

A narrativa é escrita de forma sensível e envolvente, explorando as emoções profundas da protagonista e convidando o leitor a refletir sobre os julgamentos precipitados e a empatia.

Se gostas de personagens psicologicamente complexas, narrativas introspectivas e finais ambíguos, então este livro é para ti.

A Leitora

Nas minhas mãos, a morte

Leitora, 29.05.25

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Acabei de ler o livro Nas Minhas Mãos, a Morte. Este é o primeiro livro de Anabela Lopes publicado na coleção Eu ❤️ Autores Portugueses da editora Saída de Emergência, que aposta na visibilidade de novos talentos nacionais. A autora já tinha publicado obras infantojuvenis e de fantasia, mas este é um passo arrojado no género de thriller psicológico para adultos.

Comprei este livro num impulso consumista, em março de 2024. Tinha recebido, pela primeira vez, um cartão da Fnac com um valor substancial e fiz o meu primeiro grande haul de livros — na realidade, foram quatro 🫣😅, mas acho que nunca tinha comprado tantos de uma só vez. Portanto, esteve um ano lá em casa a ganhar pó. Achei a capa maravilhosa e a premissa interessante. Mas, até hoje, nunca tinha visto ninguém a falar dele — se calhar por isso não lhe peguei antes. No entanto, como já tinha terminado os livros planeados para este mês e estava à espera da chegada do novo livro da Maria Francisca Gama (curiosamente, quando comprei este da Anabela, também comprei Cicatriz, da Maria 🤗), e como este era relativamente pequeno, decidi dar-lhe uma oportunidade.

E devo dizer que me surpreendeu muito pela positiva — que grande twist no final! 😉

A narrativa gira em torno de Tomás, um jovem cuja infância é marcada por traumas profundos: um pai violento e alcoólico, uma mãe submissa e emocionalmente ausente, e o isolamento social reforçado pelo bullying escolar. Este cenário de opressão constante conduz Tomás a um ponto de rutura — e é nesse momento que desperta um poder mental insólito, quase sobrenatural.

O thriller psicológico intensifica-se quando Tomás começa a usar esse poder para “limpar” do seu caminho aqueles que lhe causam sofrimento. Ao início, são actos de defesa mas a linha entre justiça e vingança começa a esbater-se. A sua habilidade transforma-se num vício, numa arma silenciosa e impiedosa.

Contudo, tudo muda com o aparecimento de uma carta misteriosa, que ameaça não só revelar o seu segredo, mas também pôr em causa a imagem que construiu de si próprio como um “justiceiro”.

Este livro aborda alguns temas interessantes como o abuso familiar e o trauma infantil, mostrando-nos como experiências traumáticas moldam a nossa psique; a dualidade entre justiça e vingança, fazendo-nos questionar os limites da moralidade; o poder e a responsabilidade — um tema clássico, mas aqui com uma abordagem mais sombria — e, por fim, a solidão e marginalização: Tomás é um espelho da dor invisível de muitos adolescentes.

Anabela Lopes escreve de forma direta e visual, focando-se na carga emocional e psicológica das personagens, e o facto de ser narrado na primeira pessoa ajuda bastante nesse sentido. O livro mistura o ritmo rápido do thriller com introspeção profunda, mantendo-nos envolvidos tanto pelo enredo como pela evolução interna do Tomás.

A autora também evita clichés fáceis, trazendo um realismo sombrio que humaniza o protagonista — não é herói nem vilão, mas uma vítima que se torna algo mais complexo e perturbador. E, nesse sentido, deu-me muito as vibes de Dexter (a série de TV), pela noção de "justiceiro invisível" com um código moral próprio.

É daqueles livros que começa de forma discreta, mas vai crescendo em intensidade e prende-te até à última página.

Para quem aprecia thrillers psicológicos com uma abordagem diferente e um final que nos faz repensar toda a história, Nas Minhas Mãos, a Morte é uma aposta certeira. Não é apenas mais um thriller — é um mergulho sombrio na mente humana.

A Leitora

Amor de Perfeição

Leitora, 26.05.25

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No sábado acabei o livro Amor de Perfeição, o segundo da série When in Rome da autora Sarah Adams.

"Um Amor de Perfeição" é um romance contemporâneo que se desenrola numa pequena cidade americana — uma daquelas comunidades onde toda a gente se conhece, e as aparências e reputações têm peso. A protagonista, Annie Walker, é uma mulher doce, organizada e algo perfeccionista, proprietéria de uma florista. Vinda de uma família protetora e muito tradicional, Annie vive sob a pressão de ser "a filha perfeita" — o que a impede, muitas vezes, de mostrar quem realmente é.

Quando é descrita como aborrecida por um pretendente, Annie começa a questionar a sua forma de estar na vida. A partir daí, decide embarcar numa jornada de transformação pessoal… e é aí que entra Will Griffin — o guarda-costas tatuado da sua futura cunhada, descontraído, com um ar de bad boy, mas um coração cheio de camadas.

Annie propõe a Will que a ajude a ganhar prática em encontros românticos, para se tornar mais confiante — e o que começa como um “acordo prático”, torna-se num romance repleto de momentos ternurentos, química emocional, e reflexões sobre o amor próprio.

Um dos pontos fortes do livro são, sem dúvida, as personagens. Annie é uma protagonista fácil de gostar — gentil, carinhosa, mas com uma personalidade que vai ganhando mais profundidade à medida que aprende a pôr-se em primeiro lugar. Vi um pouco de mim, quando eu era adolescente, na Annie, o que me fez criar laços fortes com esta personagem. Will, por seu lado, tem o típico perfil de “protetor emocionalmente indisponível”, mas o seu crescimento ao longo da narrativa é genuíno. Ele ajuda Annie a ganhar confiança, mas também aprende a ser vulnerável e a deixar-se amar.

Os diálogos entre os dois são muitas vezes divertidos, cheios de química, e equilibram bem o romantismo com humor.

O livro não é apenas uma comédia romântica leve — aborda também questões como: a pressão para ser perfeita aos olhos dos outros; a dificuldade de impor limites em famílias demasiado controladoras; o medo da rejeição e a importância da vulnerabilidade emocional; a ideia de que o amor verdadeiro não requer que mudemos quem somos.

A autora consegue abordar estes temas sem que a narrativa se torne pesada. O tom é sempre esperançoso e positivo, mesmo quando os personagens enfrentam os seus dilemas internos.

É uma leitura encantadora que lembra que o amor verdadeiro começa com o amor-próprio — e que, às vezes, precisamos apenas de alguém que nos veja tal como somos, sem filtros.

Se procuras uma leitura reconfortante, com personagens cativantes e uma história que mistura romance e autodescoberta, "Um Amor de Perfeição" é uma excelente escolha. É especialmente indicado para fãs de romances que valorizam o crescimento pessoal e relações construídas com autenticidade.

A Leitora

Fearless

Leitora, 18.05.25

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Acabei hoje de manha o livro Fearless, de Lauren Roberts, é o terceiro e último volume da trilogia Powerless, uma série de fantasia romântica.

Após os eventos dramáticos de Reckless, Paedyn Gray, uma Vulgar, regressa ao reino de Ilya para se tornar noiva do príncipe Kitt, depois de ter assassinado o rei. Esta proposta inesperada oferece-lhe a oportunidade de unir Vulgares e Elites num reino harmonioso. No entanto, Paedyn enfrenta uma escolha difícil entre seguir a razão ou o coração. Enquanto isso, Kai Azer está determinado a conquistá-la, mesmo que isso signifique desafiar o seu rei. A decisão de Paedyn poderá determinar não só o seu destino, mas também o de todo o reino.

Não sei explicar muito bem, mas este livro não me encheu as medidas. Não senti um grande desenvolvimento na relação entre o Kai e a Paedyn.

Esta série foi sempre algo irregular para mim. Adorei o primeiro livro — foi aí que me apaixonei pelo Kai (o melhor book boyfriend de sempre!). A novela foi apenas razoável, o segundo livro, Reckless, pareceu-me bastante repetitivo e com pouca evolução na história. Já este último, Fearless, arrastou-se demasiado e deixou muitas pontas soltas, foi uma desilusão. Não gostei da forma como o Kitt foi desenvolvido e a maioria dos plot twists não me surpreendeu. O que salvou a série, sem dúvida, foi o Kai.

Na minha opinião, esta trilogia, bem condensada, daria uma excelente duologia.

Se gostaste de Powerless e Reckless, Fearless poderá agradar-te. Não reinventa o género, mas oferece uma conclusão emocionalmente satisfatória.

A Leitora